Autor: Constança Barroso

Quem conta a história: anónimo

Organização: Lusófona University

Título: Curvas da vida

Nível: Avançado

Língua: Português

Resumo: Esta é a história de uma família que tinha tudo e que perdeu tudo. No entanto, não perderam a dignidade e lutaram como heróis. A mãe fala-nos dos seus sonhos, da sua luta, da forma como recomeçaram do zero e como todas as dificuldades os tornaram mais fortes e os fizeram amar-se ainda mais.

Palavras-passe: família, amor, sonhos, frustrações, sonhos despedaçados;

Curvas da vida

– Quer contar-me a sua história?

– Preciso mesmo de a contar. Talvez funcione como catarse, talvez possa ajudar alguém, talvez me ajude a acalmar o meu coração e a encontrar a paz que tanto desejo.

Até àquele verão, a nossa vida era normal, com altos e baixos, igual a tantas outras.

O Afonso era gestor e tinha várias empresas. Eu trabalhava em turismo e com pessoas felizes. Quem não está feliz quando vai de férias?

Tínhamos decidido vender a casa, pagar o empréstimo ao banco, comprar outra mais pequena para arrendar e ter a liberdade de escolher um sítio bonito para viver. E assim foi.

Os miúdos estavam a estudar e, cada um nas nossas vidas, seguíamos o nosso caminho como família. A família sempre foi o núcleo principal, rodeado dos amigos que também nos pertencem.

Estávamos em junho, o mês de abertura da minha época preferida, quando os cheiros se misturam com a alma, quando, para mim, a natureza se encaixa no ser humano e não o contrário. Naquele tempo, os meses tinham muita importância, começavam por letra maiúscula. A chuva dá-me tristeza!

Mas voltando à minha história, as coisas nas empresas do Afonso já não andavam muito bem desde que descobriu uma dívida criada pelo diretor financeiro, à sua revelia, perdendo toda a confiança nele depositada. Decidiram, nessa altura, separar a gestão das empresas e o Afonso, com a ajuda do meu filho Gustavo, estava já há um ano a tentar salvar a empresa com muito trabalho e arte, conseguindo cumprir os acordos.

Entretanto, tínhamos uma casa minúscula em Alfama que alugávamos a turistas. Sim, porque digam o que disserem, o alojamento local animou Lisboa. As ruas, mais limpas, encheram-se de luz, de poliglotas, e os prédios ficaram mais cuidados. O fado não morreu nem morrerá porque a alma ninguém nos tira.

Era tão minúscula que duas iguais caberiam na minha sala. Não que a minha sala seja gigante. A casa de Lisboa é que era realmente pequena.

Independentemente do seu tamanho, fazia parte da nossa fonte de sustento para a renda da casa onde vivíamos, naquele sítio lindo junto à praia e com vista para a serra.

Vivíamos os cinco e o cão e éramos muito felizes, mas como Enid Blyton imaginaria a aventura, só começaria aí.

– E o que é feito dessa casa?

– Um dos sócios do Afonso convenceu-o de que precisava de recuperar rapidamente o dinheiro que tinha emprestado à empresa, contrariando o plano de pagamentos a longo prazo que o próprio tinha estabelecido.

Embora fosse uma dívida da empresa, os valores éticos e de amizade falaram mais alto e lá foi a casa de Alfama, cheia de sonhos e reservas parar a outros donos e o nosso suposto amigo com o seu problema resolvido.

De amigo não tinha nada, de ética nada tinha e de humanidade nem réstia, porque, num estalar de dedos, juntou-se ao dito diretor e sem dó nem piedade marcaram uma assembleia geral para destituir o meu marido, alegando uma série de inverdades, fazendo-se mais tarde, justiça em tribunal, provando-se a sua inocência, mas o dano já estava feito. Pelo menos, isso, a defesa da honra!

Foi nessa noite, nessa noite, sentada naquele banco de jardim junto à porta, que o Afonso me disse que íamos ficar sem nada! Sem ordenado, sem empresa, sem rendimentos. O meu mundo ficou sem chão e a família ia ficar sem teto. Já não éramos novos e tínhamos de começar tudo de novo.

Disse-lhe que tudo ia ficar bem, subi para o quarto e chorei. Chorei tanto que acho que as minhas lágrimas secaram. Hoje, tenho poucas emoções e tenho pena. Gostava delas, por vezes, até patéticas. Parecia um bebé chorão a deitar lágrimas por tudo e por nada e principalmente nos momentos felizes. Era tão bom chorar de alegria. Que luxo!

Mas como poderia perder tempo com os meus sentimentos se tinha uma família para cuidar e proteger? Tornei-me uma leoa a defender as suas crias.

Durante dias, tive de olhar nos olhos dos meus filhos sem que os meus olhos falassem. Como lhes poderia dar esta notícia? Três miúdos impecáveis e que não mereciam tal sentença. Pensei, pensei, pensei até que Deus me abriu um caminho e me sentou a almoçar em casa dos meus cunhados. Estava lá só fisicamente, pois a minha alma corria à procura, de forma desesperada, de uma luz, como que adormecida, para o real, até que algo me fez reagir. As lágrimas desobedeceram e começaram a escorrer sem fim.

Um anjo ao meu lado, uma figura distorcida pelas minhas lágrimas falava calmamente e aos poucos fui percebendo que era o meu cunhado Vicente, casado com a irmã do Afonso, que me oferecia, de bandeja e sem moeda de troca, um telhado, um teto para a minha família, com paredes e tudo, uma casa, um lar. Um começo humilde, mas, pelo menos, o ponto zero da reta definido.

A vida tem muitas linhas, muitas curvas e contracurvas, mas se não tiver uma referência, um começo, como a podemos seguir, como a podemos acabar?

Uma hora depoi,s lá estávamos nós no casebre. Digo casebre, pois foi a expressão do meu cunhado, mas, com toda a humildade e gratidão, era mesmo assim. A minha filha mais nova estava apavorada com a quantidade de moscas mortas no chão e, mais tarde, disse-me que não queria ir para aquela casa dos bichos mortos.

As lágrimas dos meus cunhados também eram desobedientes e caiam no chão das moscas, pois, para eles, a casa não tinha condições nem dignidade. E eu? Eu pulava de alegria dentro do casebre que nem casa de banho tinha e abraçava-os e agradecia àquele anjo que Deus me enviou.

O Afonso, atónito com a minha alegria por só conseguir ver seis paredes e uma micro janela, perguntava-me insistentemente se eu conseguia fazer dali uma casa. E fiz! À entrada, havia uma marquise muito suja com vidros fixos e partidos onde se podia ver o céu e paredes tingidas, à esquerda, uma divisão escura, sem janelas e com escada para o sótão. Seguia-se mais uma divisão sem janela de paredes pretas, não de tonalidade, mas de humidade e um cubículo com um lavatório castanho escuro em forma de concha e uma retrete pequena. Não havia sítio para tomar um simples banho

Na minha imaginação rapidamente tudo se tornou limpo, claro e definido. Com uma varinha mágica ou um prémio de qualquer jogo de sorte tudo estaria pronto num ápice. Como existem anjos, mas não existem varinhas mágicas, o novo projeto de vida teve de ser feito por etapas e aguçou a paciência e a resiliência.

Voltando atrás, aqueles dias, após a bomba, foram muito complicados. Ficámos sem bússola, sem coordenadas e apavorados. Não por nós, mas pelos miúdos. Sempre tivemos uma vida estável, com altos e baixos, mas nada até ali se comparava em termos de aflição.

Depois de lhes dar a notícia, íamos fazendo o que podíamos na nossa nova „casa”.  Começámos a desfazer a outra, a empacotar, a dar e a guardar por diversos sítios o nosso passado. É verdade que coisas são coisas, mas cada coisa tem uma história, um rosto, um sentimento e isso custa!

Parte de nós tinha de ser enclausurada em caixas de papelão sem prazo. Já nem me lembro bem do que tenho. Um dia vou abri-las! Vai significar tanto e quero tanto…

Se calhar, cheiram a mofo, mas não faz mal porque são nossas. A casa ia ficando vazia, mas não sei porquê já nem queria saber do eco. Só queria pôr um fim àquele episódio e começar uma nova temporada cheia de força e ideias para acolher os meus. Estava estourada, desgastada e desnorteada.

Na véspera da mudança, às quatro da manhã estava tão fora de mim e já sem sítio para arrumar a minha roupa, que decidi deitar tudo no lixo! Imagine-se, deitar a roupa toda fora! Fui dormir e, no dia seguinte, quando acordei arrependida da minha loucura, tinha um milagre. A roupa, que estava em sacos junto ao contentor do lixo, voltou sozinha para o meu quarto, ali mesmo junto à janela. Como assim? Existem anjos, mas não carregam sacos de roupa!

Tinha sido a Caetana que se apercebeu e foi resgatar os sacos antes da minha roupa desaparecer para sempre. Que anjo! O que iria eu vestir? O Afonso sofria, sofria muito em silêncio. A história repetia-se, mas agora não era o filho dos pais que voltaram de Moçambique sem nada!

Deixaram lá tudo, os móveis, os carros, as imagens do Mar transparente que se via da janela de casa, os calções, os amigos, a vida boa.

Só trouxeram as memórias e alguns pertences. Por alguma razão, Deus deu-nos a memória para podermos guardar para sempre o que lá vai! Aos catorze anos, teve de voltar para Portugal, separado da família, perto das irmãs, mas não na mesma casa e os pais em África a salvar o que não podiam.

Voltou em novembro com temperaturas negativas e ficaram a viver em Trás-os-Montes, atrás do sol-posto e longe do pôr-do-sol africano. Foi muito duro, mas era novo e tinha a vida pela frente e era filho.

Já não podia brincar na rua. Estava frio e escuro e não tinha os seus amigos. Dali, não conseguia ver o fundo do mar, mas quando fechava os olhos podia quase vê-lo e até sentir o seu cheiro.

Agora como pai sofria duplamente pelos seus filhos porque sabia bem o que tinha passado.

Onde foram buscar esperança?

Foram meses pesados, mas encaminhámos toda a força mental para os músculos e pintámos, lutámos, caiámos, chamámos amigos e a família e a troco de nada ou de umas petiscadas não exigidas, mas com muito amor oferecidas, fomos evoluindo como seres e como casa.

Enquanto o Afonso procurava soluções e novos projetos e trabalhava horas sem fim, nós estávamos no back office por entre latas de tinta, frascos de lixívia, lixas e muitas tarefas para criar algo parecido com uma Casa.

Tudo o que fazia no casebre parecia bonito, mas agora as fotografias dizem-me a verdade. Melhorava, mas não era assim tão bonito. Fomos fazendo o possível e gastando o pequeno pé-de-meia em ajuda profissional. As paredes pretas viraram brancas e nasceram duas janelas lindas para o mundo lá de fora. Tinham vidro e eram brancas. Ah, branco! como passei a amar o branco!

Seguiu-se o futuro jardim que descobrimos debaixo do denso capim. Primeiro, ficou vazio e aos poucos foi crescendo e foram nascendo lindas plantas que se veem agora das tais janelas. Vê-se também o cão, o cão que acompanhou tudo isso e se fosse gente, tenho a certeza que nos abraçaria e nos diria como somos corajosos.

E eu penso o mesmo dele. Que “alma boa” tem!  Nunca se queixa! É preto e tem manchas beges à volta dos olhos e as patas também são claras. A mãe era labrador e o pai ou pastor alemão ou rottweiler. De feitio, sai à mãe porque o pai não conheço.

Os olhos de cão são tão transparentes, tão verdadeiros e tão carinhosos. Chama-se Boggy e entrou na nossa família como presente para a minha filha mais nova, depois de uma cirurgia complicada.

Por falar em filha, já vos falei das minhas filhas? Tenho duas. A mais velha é linda de morrer por fora e por dentro. Chama-se Caetana. Morena e cheia de raça. Uma guerreira com um grande coração, uma alma Boa e um feitio não tão bom.

Formou-se com uma excelente nota, a estudar ao sabor dos pingos da água da chuva que caiam do teto no nosso casebre. Nunca se queixou. A mais nova é um anjo com os olhos cor do mar que foi buscar à bisavó. Linda por dentro e por fora e segue os passos da irmã, exceto na dedicação aos estudos. A Maria está na adolescência, deve ser por isso. Depois tenho um príncipe, o meu príncipe Gustavo sempre preocupado com as irmãs, um gentleman e um companheirão do Afonso.

Trabalhámos horas a fio para um fim comum e cada melhoria tornou-se uma vitória, uma conquista. Deixámos de ter férias, qualquer tipo de luxo! Perdemos os carros grandes e bons. Ganhámos, contudo, como família, unimo-nos e fizemos das tripas coração para dividir uma casa tão pequena e com tão poucas condições. Discutimos muito pouco e fomo-nos encaixando formidavelmente no horário dos duches e na lotação da cozinha. Deixámos de ter mesa de jantar, mas jantávamos juntos em pequenas mesinhas de tabuleiro. Deixámos de ter motivos para sorrir, mas dávamos gargalhadas juntos, sempre juntos.

Acho que foi a cegueira de lhes dar conforto que me pôs num estado robótico e que me fez correr e correr sem parar até bater com o focinho de frente na parede, quando morreu um dos meus queridos irmãos. Era o Bernardo. Uma boa alma que a vida que fez se encarregou de o levar. Tenho saudades dele!

De repente, tudo o que a minha alma camuflou emergiu com muita força.

Toda a coragem que tinha tido até então desapareceu e começou a chover. Já lhe tinha dito que a chuva me entristece? De repente, tudo se tornou feio e por mais que fizesse não ficava satisfeita. Queria tanto a omelete, mas não tinha os ovos. Procurei ajuda e comecei aos poucos a recuperar o meu eu. Peçam ajuda quando perderem as forças, por favor! A cabeça faz parte do corpo e precisa de ser cuidada. Sou completamente apologista dos psicólogos e psiquiatras e de tudo aquilo que nos dê equilíbrio.

Depois de cada etapa, respirávamos de alívio antes da próxima e recuperávamos o fôlego. Acho que era novembro. Chovia há uma semana sem parar. Os telejornais abriam com os alertas amarelos. As imagens mostravam cheias, derrocadas e enxurradas. Lembro-me que era sábado e cerca das 10 da manhã. A chuva parecia mais forte e a água parecia estar literalmente dentro de casa. Levantei-me atordoada e quando abri a porta entrei num lago e vi uma sereia que afinal era a Caetana a tentar salvar o barco com uma esfregona. Não queria acreditar! Não era possível!

O chão novo era o Fundo do Rio e as tábuas do naufrágio boiavam tristes.  Não passámos o Cabo das Tormentas e lá estava de novo o velho Adamastor. Limpava em silêncio para não nos acordar, mas em vão, porque a água da chuva e das lágrimas não lhe davam tréguas.

Acordei o Afonso que se levantou e rapidamente, desapareceu de casa e voltou duas horas depois. Onde teria ido? Estava tão preocupada! Chegou duas horas depois. Tinha ido ter com o terceiro Anjo, que nasceu meu irmão e que desta vez saiu à norma e é chamado de António.

Voltou com a solução e com uns bons euros para um telhado novo para aquela zona, e de bónus umas janelas brancas, com muitos vidros que nos permitem hoje ver o céu sem sentir o céu, mais propriamente, a chuva.

Mais uma vez, aquela princesa não se queixou. Mais um obstáculo, mais força, mais um anjo e prosseguimos caminho. A primeira zona de duches não tinha porta. Tinha uma cortina que os separava do corredor com algum pudor. Era a imitar ráfia, tom de mel. Era bonita…

Dois duches para controlar o tráfego. No ano seguinte, veio uma pequena herança que deu para pôr uma porta na casa de banho, um vidro no duche e duas janelas tipo velux no telhado onde as minhas filhas podem ver as estrelas nas noites bonitas. A luz foi entrando ao fundo do túnel e devagar, devagarinho, a passo de caracol vamos recuperando as nossas vidas.

A relva está crescida e gosto de a regar, cheira a verde. Acho que o verde é a única cor que tem cheiro. Vi-a crescer e tal como o Boggy, ai se ela falasse! A buganvília está linda e está a tentar entrar em casa. As flores são cor-de-rosa vivo. Depois da relva, há plantas de várias cores e o muro é branco, tão branco que faz doer os olhos.

Estamos quase em junho e fico animada. A natureza, tal como a buganvília, entra nas nossas almas e a minha casa vai tornar-se mais branquinha porque vou pintá-la. Adoro branco! Acredita em Anjos? Claro que acredito. Quando mais precisava, Deus enviou-me logo dois e, curiosamente com o mesmo nome. Vicente, outro grande amigo do Afonso que nos emprestou dinheiro para sobrevivermos até termos asas. Não asas de anjos, mas asas de pássaro para podermos seguir.

Passaram quatro anos difíceis, sinuosos, trabalhosos e incertos, mas, temos a melhor família do universo, o casebre vai ficando cada vez melhor e um dia, quando já for casa, já mais composta, terá um anjo na fachada e vai ter um nome: Casa de São Vicente. Todos irão perguntar porquê e contarei esta história as vezes que quiserem que conte.

E o que tirou de tudo isto? Deus só põe à prova quem se consegue superar e pelos nossos filhos viramos o mundo ao contrário. Neste caso temos que o voltar a pôr no lugar. Perspetivas para o futuro? As melhores! Não porque sou vidente, mas porque acredito em nós, acredito no Afonso, na esperança, na justiça e em Deus. Se vai ser rápido, acho que não, mas o importante é caminhar caminhando e perseguir a candeia. Não desistir. Poder cair, levantar e seguir. Seguir sempre!

Talvez se não tivesse tido estes obstáculos fosse mais fraca. Infelizmente são eles que nos tornam mais fortes e mais lutadores. Quem luta assim pode não ganhar, mas ser ganhador! Campeão sem taça, mas campeão. Acha que tudo isto vos fez ser melhores pessoas? Se me perguntarem, como mãe, a dor é imensa porque queremos o melhor para os nossos filhos. Se estivesse a ver de fora, diria que os preparei melhor para a vida e que o melhor mesmo que podemos dar é amor.


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