Autor da história: Diana Abreu

Quem conta a história: Anónimo

Organização: ULHT

Título: Ele? Ela? Elu!

Nível: Inicial

Língua: Português

Resumo: Esta é a história de uma pessoa que faz um caminho de autodescoberta relativamente ao seu género e luta pelo direito à diferença. Oriunda de um meio rural, é muito difícil para esta pessoa perceber o que se está a passar com a sua vida e também o que isso provoca nos outros. O grande objetivo desta história é chamar a atenção da sociedade para as questões do género e para a importância de as incluir na educação.

Palavras-chave: Género, conflito emocional, luta pelos direitos, preconceito

Ele? Ela? Elu!

No ano de 2000, numa pequena vila do concelho de Torres Vedras, nasce uma menina, cuja história representa a luta de muitos pela mudança da ideologia da sociedade em que vivemos. Uma sociedade que ainda não aceita totalmente os que não se sentem nem homem nem mulher, ou que se sentem um pouco de ambos ou quem não se encontra em harmonia com as normas de género que, de forma tão natural, nos foram incutidas. 

 

A infância desta menina, que passa a maior parte do seu dia a dia na escola, rodeada de outras crianças com rotinas semelhantes, é vivida lado a lado com o sentimento de desconforto com o seu corpo e com quem é. O desconforto de quem, apesar de se dar relativamente bem com todos, não é “completamente aceite” nem pelas raparigas, por ser “mais masculino”, nem pelos rapazes que o olham como uma rapariga. Existe sempre esta constante incerteza sobre o que sente, como quando um amigo lhe diz que é “um rapaz preso no corpo de uma rapariga”. Este comentário provoca felicidade por ser reconhecido como um rapaz, não tem ainda a capacidade de compreender o seu sentido. 

 

Num meio rural e numa época em que este tema não é devidamente abordado no meio escolar, apenas por volta dos treze anos é que consegue expressar o que já sente há algum tempo e que não conseguia explicar: a contradição entre o género atribuído à nascença e quem realmente é. O peito, um incómodo, não sabe dizer porquê, é, sem dúvida o seu maior desafio, principalmente durante a puberdade. Mas sente um “alívio enorme” quando percebe através de pesquisas na internet e de vídeos do Youtube, que não “é a única pessoa no mundo que se sente daquela maneira”. Com “medo das reações dos outros”, vive entre os treze e os dezoito anos a esconder a sua verdade num corpo com o qual não se identifica, até que chega uma nova etapa, a universidade. 

 

Surge a oportunidade de um novo começo. Decide pôr de lado o receio de perder o pouco apoio que pensa que tem e assume-se publicamente com um nome masculino. Enquanto outros estudantes estão entusiasmados com esta nova fase de vida, este menino está assustado por estar a entrar em dois mundos “completamente desconhecidos”. Felizmente, colegas e professores aceitam-no. Na família, todos o aceitam menos o pai. Há alguns enganos com o seu nome e os pronomes que usam. Estes erros não são propositados e podem parecer simples e normais, mas o menino sofre. Vê agora este período de adaptação como uma coisa essencial e, apesar do apoio incondicional das pessoas que mais ama, reconhece que foi uma época “horrível”. Felizmente, a seguir sente um alívio. Não tem de carregar o peso de esconder quem verdadeiramente é, como fez durante cinco anos. 

 

Vai a uma consulta de sexologia em janeiro de 2018 no Hospital de Santa Maria. Apresentam um diagnóstico de disforia de género, um assunto ainda tabu na sociedade atual. Um ano depois consegue uma consulta de endocrinologia em março de 2019 para iniciar o tratamento de reposição hormonal. As mudanças provocadas pela testosterona são fantásticas, “desde a voz mais grossa à barba mais densa, entre muitas outras mais subtis, mas igualmente importantes”. 

 

Numa sexta feira de junho, ainda em 2019, recebe uma chamada que muda a sua vida: tem se apresentar no Hospital de Jesus três dias depois para realizar a mastectomia. Depois de cinco meses na lista de espera do melhor cirurgião em Portugal, no que toca a casos de pessoas trans, tem a oportunidade de se olhar ao espelho e observar o torso que lhe estava destinado, uma “sensação indiscritível”. 

Quando um bebé nasce, o seu sexo é anunciado e o que acontece na maioria dos casos é: se for menina tudo é rosa e se for menino tudo é azul. Mas existem muitas outras cores no mundo que representam todos os que não se identificam com a cor atribuída à nascença.

 

Esta é a história de alguém que não se identificava com o “rosa” imposto pela sociedade. No início, identifica-se como um rapaz transgénero, mas recentemente, por estar mais confiante adota o termo bastante recente “não binário”, pedindo que se refiram a si com pronomes neutros. Esta é a história de alguém que deseja que as crianças tenham uma educação que aborde estes temas. Para que não sofram a incerteza e o seu desconforto da infância e adolescência. E, finalmente, esta é a história de alguém que considera que o apoio que recebe em Portugal não é o melhor. Por isso estuda Psicologia para depois  fazer o Doutoramento em Sexologia e conseguir dar o devido apoio a quem está a passar pelo mesmo. 


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