Autor da história: Mariana Campos

Quem conta a história: Anónimo

Organização: ULHT

Título: Rua Elias Garcia, nº 14

Nível: Avançado

Língua: Português

Resumo: A história de Soledade, uma mulher que vive numa vila piscatória, de origens muito humildes e do seu amor com Fernando, com quem casa e tem dois filhos. A sua vida é marcada pelo luto pelo marido, pelas más memórias de uma sogra que a explorou, mas também pelo amor e solidariedade da sua família que sempre se reúne na Rua Elias Garcia, nº 14.

Palavras-chave: família, sonhos, humildade, trabalho, memória

Rua Elias Garcia, nº 14

Rua Elias Garcia, nº 14. Se pudesse voltar atrás? O tempo passa, mas as memórias permanecem. Memórias daqueles que partiram, memórias daqueles que ficaram – e que continuam a criar todo um novo leque de lembranças. E, apesar da memória não poder ser materializada, as histórias e vivências serão, para sempre, passadas de geração em geração. 

 

Também para Soledade Estrelinha, uma “jovem” senhora com setenta e dois anos, a vida foi feita de memórias. Cresceu numa humilde e afetuosa casa, onde a família criava diariamente um ambiente agradável; onde os pais amavam e davam prioridade aos filhos acima de tudo o que lhes era exterior; onde existia respeito, carinho e, acima de tudo, família. No entanto, a sua vida foi formatada por aquilo em que a família acreditava, pelas vivências da família. Soledade viveu inserida numa sociedade fechada e masculinizada. Só depois de casada é que lhe foi permitido vestir calças e fato de banho, que nunca chegou a vestir mesmo indo à praia. O primeiro par de calças que teve foi bordeaux, tendo sido a própria a fazê-las. Quando era pequena, adorava dormir a sesta e brincar na rua. Por ser a irmã mais velha, Soledade tinha a responsabilidade de olhar pelos três irmãos enquanto os pais iam trabalhar. Passavam os dias entretidos no jardim; mas não por muito tempo. “É perigoso”, dizia-lhe a mãe, “venham logo para casa”. Os anos passavam e Soledade crescia. A mãe vestia-a com as mais bonitas roupas, que as amigas invejavam, e fazia-lhe os mais delicados penteados; os pais tinham muita vaidade nos filhos. Todos os dias, a professora pedia-lhe que usasse uma bata branca, da escola, para que não se sujasse. Na quarta classe, apesar de ser muito inteligente, Soledade escolheu deixar os estudos e começar a trabalhar, algo a que a professora se opunha. Os pais, apesar de também terem vontade que a filha continuasse a estudar, não tinham condições. 

 

Hoje arrepende-se de não ter continuado a estudar, podia ter sido professora. Desde que começou a costurar, aos dez anos de idade, nunca nenhuma outra profissão a interessou. Geralmente, as clientes eram fixas e aquelas que a procuravam para uma peça acabavam por ficar. Nunca chegou a ter uma máquina de costura com pedal elétrico. Numa altura não pôde, as condições não permitiam, mas quando podia ter mudado, acabou por não querer – por pensar que não se ia adaptar; continuou a usar, até ao fim, uma máquina que acabou por a desgastar física e psicologicamente. Viveu momentos desgastantes, trabalhava dias e noites sem descanso, mas foi algo de que sempre gostou; uma atividade que a completava. Na altura, era difícil viver bem. Em certos locais do país, as mulheres eram obrigadas a permanecer em casa enquanto os maridos saíam para trabalhar. 

 

Em Peniche, a situação obrigava a que as mulheres trabalhassem, apenas as crianças não trabalhavam – e muitas destas começavam a trabalhar aos dez anos de idade. Viver numa vila piscatória significava que todos os ofícios estavam ligados ao comércio do peixe. Os homens eram pescadores ou trabalhavam na manutenção dos barcos, as mulheres trabalhavam na fábrica, a tratar do peixe que chegava, ou no porto, a atar as redes de pesca. Mesmo não tendo opção de estudar, Soledade também não pôde escolher o seu ofício. A escolha da costura foi-lhe imposta e muito condicionada pelos preconceitos do pai – que entendia que trabalhar a atar redes de pesca era algo que misturava mulheres indefesas com o mundo masculino, onde os trabalhadores eram predominantemente os típicos homens da pesca, irritadiços, fortes, e que cujo local preferido para conviver era a tasca. Quando havia fartura de peixe, as mulheres dos pescadores compravam ouro e guardavam-no em casa. Em momentos de “seca”, especialmente no inverno quando os barcos não saíam, o ouro era penhorado – utilizado para comprar mantimentos. Em casa de Soledade não era raro, tanto a mãe como o pai dependiam do peixe – o pai era pescador e a mãe trabalhava num armazém da família, a amanhar e a escalar peixe para revenda – e várias foram as vezes em que o cordão de ouro foi empenhado para o casal poder pagar as contas. Não era uma sardinha a dividir por três [expressão ainda hoje usada em Peniche], mas era quase. As condições da altura não permitiam grandes luxos. Com os dois elementos do casal a trabalhar, dependentes do peixe que chegava a terra, era necessário fazer escolhas e, muitas vezes, sacrificar bens de primeira necessidade. Embora com algum apoio, Soledade viveu sempre de maneira controlada. Ainda hoje, embora as condições já não sejam as mesmas, continua a viver uma vida muito regrada. As vizinhas, e amigas, convidavam-na para sair todos os domingos, mas ela não queria. Todos os domingos ficava sentada à porta de casa, com um saquinho de pevides e tremoços, a ver as pessoas passarem. Nunca queria passear, era uma perda de tempo, não queria conhecer ninguém. Estava bem no seu cantinho; e apesar de nunca ter contado a ninguém, até pensava em ser freira! 

 

Mas a sorte mudou aos dezassete anos, quando começou a sua história de amor, digna de um livro. Num certo domingo, quando o tempo havia melhorado, aceitou, finalmente, o convite das amigas para passear (não que quisesse, mas até os pais a chateavam para sair de casa). Ao chegar ao largo do jardim, algumas ruas abaixo da sua, avistou o rapaz mais bonito que alguma vez tinha visto: alto, moreno, cabelo aos caracóis, olhos verdes. Ia acompanhado de dois amigos e nenhum dos três dispensou olhares, porém apenas um captou a atenção da jovem. A partir desse domingo, todas as tardes de domingo foram passadas no largo do jardim com as amigas, onde toda a gente se reunia para dançar. Todos os domingos, Soledade esperava voltar a ver o rapaz que lhe tinha tirado a respiração. Todos os domingos, acabava por ficar sozinha num canto a olhar pela janela com mil pensamentos. Era apreciada, os rapazes faziam fila para a convidar para dançar. Soledade sorria e respondia que não sabia dançar. “Mas o que é que ele tem que nós não temos?”, perguntavam todos os rapazes que a convidavam, até as amigas diziam que parecia mal. Não queria nenhum rapaz. Semanas mais tarde apareceu, finalmente, o rapaz por quem esperava. Vindo do mar para a pista de dança, Fernando pegou na mão da rapariga e dançaram toda a tarde, ou melhor, todas as tardes depois dessa tarde. Os outros rapazes continuavam ansiosos a pedir-lhe para dançar, mas Soledade só tinha olhos para um. Ao cair da noite, depois de um exaustivo dia de trabalho, Fernando esperava Soledade na esquina da rua onde ela trabalhava. “Como é que sabias que eu trabalho aqui?” Fernando havia corrido todas as lojas de tecidos à procura daquela onde Soledade ia comprar os seus materiais de costura. Aí, perguntou ao senhor do estabelecimento onde é que a bela rapariga trabalhava (e, assim, descobriu). Naquela mesma esquina, Fernando pediu-a em namoro, Soledade riu-se e aceitou. Caminharam, com calma, até casa dela; os dois com sorrisos rasgados, nervosos, mas felizes. Fernando teria de falar com o pai dela, na altura era preciso pedir a mão ao pai da rapariga. No dia seguinte, destemido, desceu até à ribeira e esperou que o pai de Soledade regressasse do mar. O barco chegou e Júlio, o pai de Soledade, avisou Fernando que aquela conversa seria tida em casa dele, num dia da semana seguinte. Quando esse dia chegou, a filha teve de ir para casa das vizinhas porque a conversa só dizia respeito aos homens. Júlio perguntou por toda a cidade acerca de Fernando e coisas boas foi ouvindo; Fernando era muito bom rapaz, vindo de uma boa família. O pai de Soledade aceitou o namoro, mas, mesmo assim, avisou-a: “Mas tu és tão novinha. Tens mais rapazes sem ser do mar, a vida do mar é tão perigosa.” 

 

A partir daí, Soledade e Fernando só podiam namorar à porta de casa; e apenas um dia por semana, quando estava família em casa, Fernando podia entrar na vivenda nº. 14. Como acertado por Júlio, Fernando tinha de namorar com Soledade na rua em frente à casa. Soledade tinha medo, receio de que os vizinhos passassem e fossem comentar com a família dela. Tudo se falava na altura. O pai de Soledade passava por casa todos os dias para ter a certeza de que Fernando não ultrapassava o limite estipulado. Com o passar do tempo, Fernando começou a tornar-se membro da família Estrelinha. Especialmente no inverno, quando os barcos não saíam do porto, era frequentemente convidado para jogar às cartas com o pai e os irmãos, enquanto Soledade e a mãe costuravam. Quando o pai estava no mar, Fernando ajudava a namorada em tarefas simples que ele pudesse ser capaz de fazer. O seu namoro foi à porta, com toda a gente presente. Mesmo maior de idade, e com um namoro de anos, Soledade não podia andar sozinha na rua e, mesmo que estivesse com o namorado, era acompanhada pelos irmãos e primos, e seguida de perto pelos pais.  

 

Relembra uma ida à praia em que os irmãos e primos acompanharam o casal e, minutos depois, apareceram os pais para os vigiar. Como era habitual, e essa vez não foi exceção, Soledade foi para a praia vestida de saia pelo joelho, uma mulher solteira não podia usar biquíni naquela altura. Seis anos depois, no dia de ano novo, com vinte e três anos, Soledade casou, no altar vestida de branco, com o homem dos seus sonhos. Na altura, não eram frequentes as luas de mel pela falta de condições financeiras das famílias.  

 

E, ironicamente, a lua de mel do casal foi passada no cinema, com toda a família de Soledade. Uns anos mais tarde, o casal acolheu nos seus braços uma filha. Existia família do lado de Fernando, mas a situação não era a melhor. Fernando tinha um bom emprego, estável, que lhes permitia viverem bem, algo que era invejado pelos pais e irmãos. Apesar de também ter marido, que também trabalhava e sustentava a sua família, a mãe de Fernando queria mais. Mais e também aquilo que não era dela. 

Os problemas entre as famílias foram muitos. Fernando recebeu uma proposta para trabalhar em Lisboa e Soledade, depois de ter chorado por não querer abandonar a família, por nunca ter estado longe dos pais e irmãos, aceitou. Ia com ele para onde quer que ele fosse. 

 

Assim, os três, Fernando, Soledade e a filha do casal, mudaram-se para o Laranjeiro para começar uma nova etapa. Fernando adaptou-se no trabalho, Soledade fidelizou novas clientes e a filha passou a ter aulas e a fazer amigos na capital. Dois anos mais tarde, nasceu o segundo filho do casal, desta vez um menino. Soledade começou a ficar doente, algo que ninguém percebia de onde vinha, o que era. Recorreu a vários tipos de medicina, tradicional, alternativa, e até recorreu a bruxarias – parte da família acreditava fielmente que esse era o caminho, a restante parte duvidava. Chegaram a dizer-lhe que estava grávida: Como é que é possível estar grávida se o meu marido não me toca há meses? Acabou por ser diagnosticada com uma apendicite, que lhe estava a corroer, lentamente, o intestino. Quando Soledade estava internada no hospital, a família do marido recebeu a notícia de que esta estava mal e decidiu visitá-la. Soledade não queria, de todo, a visita da mãe do marido. Eu sei que ela pensa que eu vou morrer, é a única razão dela vir visitar-me. Ela acha que eu vou morrer. A mãe do marido visitou-a no hospital e Soledade piorou. A doença física foi agravada pela psicológica. 

 

Aos trinta e quatro anos, um mês depois de Soledade finalmente melhorar o quadro clínico, Fernando teve um acidente no trabalho e acabou por falecer, deixando para trás dois filhos, com sete e três anos. Soledade, despedaçada, desamparada, viu como primeira solução vender a casa e voltar para Peniche, o que aconteceu uns anos mais tarde. 

 

Por Fernando ter sido uma pessoa carinhosa, humilde, disponível, dado aos outros, foi-lhe exigido que fosse a viúva perfeita – tanto pelos pais, como pela tia, como pelos próprios irmãos, mesmo sendo mais novos. Durante anos, Soledade vestiu-se de preto da cabeça aos pés, tinha de usar lenço, tinha de honrar a memória do falecido marido, continuar a falar dele e de como tinha sido boa a vida dela enquanto ele estava presente. Tinha sido um marido, um amigo, um irmão, não apenas alguém que se tinha juntado à família , era como se tivesse sempre lá estado. Soledade e as crianças deixaram de poder ver televisão, simplesmente porque uma viúva perfeita tinha de ser e parecer. Todas as pessoas da cidade tinham de saber que o luto continuava, que Fernando não tinha sido esquecido. Soledade ficou e foi quem mais pagou. 

 

Três anos depois de o marido falecer, Soledade perdeu o pai. Teve de criar os filhos sozinha, com alguma ajuda da mãe e de dois dos irmãos; o outro irmão tinha fugido para casar. Soledade ficava a trabalhar e a mãe ajudava-a com a comida e com as compras dos materiais que eram necessários para a costura. A falta do marido fez com que Soledade tivesse de se tornar na figura materna e paterna em simultâneo e, como peso acrescido, a família do marido estava sempre atenta aos seus passos. Estavam sempre à espera que falhasse. A família do marido levou-a à polícia, ainda de luto, porque queriam o carro e a pensão que Soledade tinha recebido pela morte do marido. Nem no funeral o assunto foi esquecido; a mãe do marido chegou até a mentir para receber dinheiro da família Estrelinha, dinheiro que acreditava plenamente que merecia. 

No final, os filhos de Soledade, uns anos mais tarde, aceitaram pagar parte da pensão à avó, com quem não se davam. Eventualmente uma injustiça, mas até isso foi um sinal de vitória, Soledade foi a única que conseguiu que os filhos tivessem condições para a apoiar, os restantes não tinham. A senhora acabou por falecer vítima de Alzheimer. 

 

Os filhos cresceram e foram estudar para Lisboa, ambos entraram no ensino superior público com bolsa de estudos. Soledade e os irmãos tentavam ao máximo satisfazer as necessidades dos dois, mas ainda se viviam tempos difíceis e as despesas pareciam ser sempre superiores aos rendimentos. Apesar de conscientes das condições que os rodeavam, os filhos de Soledade não podiam sequer arranjar emprego em Lisboa para tentar ajudar a mãe, pois perderiam a bolsa de estudos. 

 

Pouco tempo depois, Soledade perdeu a mãe, o maior apoio que teve na vida, quem a ajudou a tomar conta dos filhos quando o marido faleceu, quem esteve lá quando o pai faleceu também, a sua rocha. Soledade deixou de ter forças, a nuvem negra crescia a um ritmo assustador. Os anos passaram e a filha casou. A saúde mental piorou, consequência da saúde física, depois de a filha lhe ter pedido para fazer o seu vestido de noiva. Os anos a costurar deixaram-lhe o corpo frágil e, para além disso, na cabeça de Soledade, o vestido nunca estaria perfeito; podia ficar sempre melhor. Soledade acabou por ser diagnosticada com depressão. Com os filhos em Lisboa, sem possibilidade de tomar conta da mãe, Soledade teve de ir para casa da tia, na Nazaré; que lhe dizia que era altura de viver novamente, que ela não podia ficar fechada em casa para sempre. 

 

A primeira neta nasceu, trazendo com ela a brisa fresca que há muito não passava na Rua Elias Garcia; o ar quente que soprava era sempre acompanhado de escuridão. Soledade começou a ganhar vontade de sair, de se vestir, de abraçar aos poucos a nova época que se vivia. Hoje, ainda recorda as vezes em que o marido lhe pegava na mão e dizia que ela estava muito bonita, a maneira como o marido olhava para ela, como a fazia sorrir. Lembra a voz e a postura do único amor que a vida lhe deu. Sorri ao pensar na primeira vez que o viu, naquele domingo em que não queria sair de casa, no largo do jardim. Sorri ao lembrar-se das vizinhas, que também eram suas amigas, a dizerem-lhe que não era apropriado negar tantos rapazes que queriam dançar com ela, mal sabiam elas que o rapaz que Soledade queria já estava escolhido e só faltava regressar do mar. Soledade pensa nos pais, queridos pais, que, apesar da altura em que viviam, sempre foram o seu maior apoio. Os seus pais que sempre amaram e colocaram os filhos em primeiro lugar, esquecendo as dificuldades que passavam, tal como Soledade fez com os seus próprios filhos. O seu pai, apesar de ter sido o exemplo típico do homem pescador dos anos 60, queria apenas o melhor para a filha, protegendo-a. A sua mãe que nunca a deixou sozinha, que tentou tirar-lhe o peso de cima dos ombros, ainda hoje continua a fazer-lhe tanta falta. 

 

Hoje, conta tudo isto aos filhos, aos netos; certamente os netos passarão aos seus filhos e netos. E assim, como tantas outras histórias, as histórias da família Estrelinha, a história de Soledade, será passada de geração em geração e relembrada como a maior prova de resiliência que esta família já testemunhou. Apesar de agora estar sozinha, com os filhos e netos em Lisboa, os irmãos, as cunhadas e os sobrinhos continuam a ir visitá-la regularmente; e o espaço que é chamado por todos como Pensão Estrelinha continua a ser um espaço aberto, acolhedor, que conserva a união. Um espaço onde a família se reúne aos domingos, porque os domingos são importantes, os domingos são dia de família. Três irmãos. Dois filhos. Quatro netos. Doze sobrinhos. Também alguns sobrinhos netos. Uma casa que traz memórias, uma casa que convida, um lar. Rua Elias Garcia, nº14 – para sempre um sinónimo de família. Se pudesse voltar atrás, faria tudo igual.


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