Autor da história: Marta Garcia

Quem conta a história: Anónimo

Organização: ULHT

Título: Sozinha com as Drogas

Nível: Inicial

Língua: Português

Resumo: Esta é a história de uma jovem que tem um percurso de vida com grande sofrimento físico e emocional ligado às drogas e que contrai VIH. Assistimos a um breve relato da sua entrada no mundo da droga, da forma como se entrega a esse vício e se deixa enredar pelas pessoas que o povoam. É uma história muito triste, mas que ao mesmo tempo deixa transparecer alguma esperança.

Palavras-chave: VIH, sofrimento, luta, marginalidade, toxicodependência

Sozinha com as Drogas

Mariana do Carmo começa a consumir droga aos dezasseis anos, pois quer sentir adrenalina. Mas, entretanto, cruza-se com vários problemas no seu caminho. Mariana tem duas overdoses, contrai VIH, é expulsa de casa pelos próprios pais, sofre de violência doméstica e de assédio, a sua família deixa de falar com ela, foge dos centros de tratamento e muitas outras coisas acontecem. Sofre, mas consegue ultrapassar o vício.

 

Mariana do Carmo vive em Lisboa, Portugal. Na sua infância, é rodeada por uma família protetora e por felicidade. Começa a sentir que é diferente quando se compara com as outras crianças da sua idade, os seus pais chegam a pensar que Mariana é autista. Sofre de ansiedade e não consegue conviver com as pessoas da sua idade. Procura sempre os mais velhos.

 

No início da adolescência, o que gosta mais é de adrenalina. Quer ficar eufórica e sentir borboletas na barriga. Mariana bebe cerveja pela primeira vez com os seus primos e sente uma sensação incrível. Aos dezasseis anos, quer sentir ainda mais adrenalina e entra no mundo das drogas. Experimenta haxixe com uma amiga e depois heroína fumada. Mariana anda sempre com o mesmo grupo de pessoas. Frequentam sítios como o Casal Ventoso e a Cova da Moura, os locais habituais onde as pessoas se juntam para se injetarem e consumirem drogas. Não tem dinheiro. Para conseguir algum, rouba no centro comercial e vende na Mouraria. Mariana não tem grande talento para roubar, faz outras coisas para conseguir o dinheiro. Rapariga viciada e jovem, vários homens aparecem… Durante esses tempos, pede ajuda a um dealer para se injetar, ela não o consegue fazer, não consegue encontrar as próprias veias, precisa da ajuda dele.

 

Mariana estuda, mas está demasiado envolvida no mundo das drogas. O professor de ginástica telefona aos pais de Mariana para lhes contar tudo sobre o problema do consumo de drogas, como afeta a saúde e o corpo da rapariga. Falta às aulas. A sua família toma medidas, procura programas para as famílias de toxicodependentes. Na primeira reunião são aconselhados a expulsar Mariana de casa e a mãe concorda imediatamente.

 

Naquele momento, Mariana percebe como era protegida antes e como sabe tão pouco sobre os perigos das ruas, mas ali está, sozinha, na rua, e a partir daí, o caos instala-se na sua vida. Os dealers aproveitam-se dela, perde tudo, incluindo a autoestima e ganha vários medos. Precisa de ajuda, então vai para vários centros de reabilitação, mas Mariana foge e nunca se cura.

 

Mariana não partilha seringas. Uma noite, nas Amoreiras, tem bastante dificuldade em injetar-se. Está tão desesperada que pede uma seringa emprestada a uma rapariga. A rapariga avisa-a que tem Hepatite C, mas Mariana pensa que essa doença não é a mesma coisa que a SIDA e usa a seringa. Mais tarde, com vinte e um anos, Mariana é diagnosticada com VIH e Hepatite C. Recorda logo aquela noite nas Amoreiras. 

 

Conhece alguém muito especial e consegue ficar sóbria e limpa. Mas o homem torna-se muito fundamentalista e Mariana sente-se sufocada. Acaba os estudos, começa a trabalhar na sua área e tem muito sucesso. Mas o problema é que Mariana sofre de violência doméstica. 

Mais uma vez, está sozinha. Mariana é muito insegura e dependente e conhece outro homem  que consome cocaína de vez em quando e Mariana volta a consumir, injeta-se com speedball: cocaína com heroína. Tem outra recaída aos trinta e cinco anos… Uma das maiores recaídas da sua vida. Mariana deixa de tomar a medicação para o VIH e fica doente com uma encefalite que resulta numa broncopneumonia. Fica em coma durante quatro meses, tem de voltar a aprender a andar e a falar e fica com uma capacidade de sessenta por cento.

 

Por volta dos quarenta anos, Mariana conhece um casal de dealers que a convida para uma festa de passagem de ano. Mas uma noite transforma-se em três meses. Um dos membros do casal está encarregado de comprar a droga em grandes quantidades e  ficavam ali, a fumar e a injetar droga. Mariana nem consegue ir ao supermercado porque as luzes e o barulho a incomodam bastante. É a pior altura da sua vida, perde novamente o contacto com a família.

 

Mariana percebe que a sua situação era tóxica e perigosa, vive numa mentira, com comportamentos de viciada. Volta para a sua casa que foi uma herança, mas não tem dinheiro para a comida e para o gás. Um vizinho repara na situação em que Mariana vive e tenta aproveitar-se. Oferece pão e gás e, em troca, ela tem de lhe fazer algumas coisas. 

 

Mariana conhece um rapaz engraçado e alcoólico e para o acompanhar também bebe. Mas o problema é que Mariana não sabe o horror do vício do álcool: a primeira coisa que o seu amigo faz ao acordar é beber e depois vomita para conseguir beber mais. Para além da bebida, Mariana também fuma haxixe e o seu amigo torna-se possessivo, não a deixa sair de casa dele e pede para ela lhe fazer determinadas coisas. Mariana liga à sua psicóloga, que, entretanto, deixou de consultar, e pede ajuda. Percebe que aquele homem não é seu amigo e sai da casa dele.

 

Hoje em dia, Mariana tem mais amigas raparigas do que rapazes, sente-se mais segura ao lado de mulheres do que de homens.

Um dia, acorda e percebe que as drogas não são para ela, pensa que é tarde demais errou muito, perdeu muitos bons momentos com a sua família, tudo por causa das drogas. Naquele momento, ganhou ódio às drogas. Já com mais de quarenta anos consegue acabar completamente com o vício e isso é um peso que tem na consciência.

 

Mariana agarra-se às pequenas coisas que tem na vida, como a casa, e decide tratar de si e do rendimento social de inserção. Mariana recebe bastante ajuda da sua assistente social e das instituições que atualmente considera família, por toda a ajuda que lhe deram. Agora, Mariana sente-se bem, tem contacto com a sua família, está a trabalhar e continua a falar e a ver a sua psicóloga.


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